sábado, setembro 15, 2012

#O Domèstico Saiu Á Rua #

Um projecto Manobras desenvolvido Mónica Loureiro, João Gaspar, Paulo Pimenta

O Doméstico Saiu à Rua_ um manifesto de estima pelo lugar e pela comunidade




A Sé, enquanto lugar e comunidade, encontra-se numa condição de especial isolamento em relação às dinâmicas da Cidade do Porto, até do próprio centro histórico. A condição de património classificado parece não produzir na população desta área uma especial valia ou melhoria das condições de vida; o que resulta numa aparente indiferença da população face a esse valor/classificação. Aliado a outras condições, mais ou menos circunstanciais, é evidente o estado de abandono a vários níveis que se verifica neste património: do devoluto ao negligenciado.

Na intenção de perceber este lugar hoje, num reconhecimento do seu valor, pretende-se explorar aqui a mais permanente das suas facetas, aquela que não é excepcional nem efémera: o quotidiano da sua população a partir e de encontro ao espaço doméstico. O reconhecimento do valor deste interior doméstico é o primeiro dos espaços para a construção da consciência de que esse património a preservar ultrapassa a fachada, ultrapassa a construção edificada. Ele é património social, etnográfico. As pessoas que habitam este lugar são a condição do seu presente. É esse valor que queremos construir nesta acção.

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Nas suas possibilidades de acção, e nas suas limitações, procuramos a construção da estima pelo lugar e pelos próprios, enquanto comunidade. Estima que mais que valor moral ou anímico significa uma valoração própria, essencial para à condição de cidadão, essencial para a criação de uma capacidade de participação nas acções sobre o seu espaço. Valor que pode ser encontrado nas características singulares destes lugares interiores, nas rotinas e nos rituais, na sua diversidade de ocupação, nas pistas da sua preservação, do seu futuro.


Foi seleccionado por critérios de disponibilidade e representatividade um conjunto de casas e residentes com os quais a acção foi sendo construída, além do estudo/levantamento do espaço e rotinas, este conjunto de residentes assume o papel de parceiro da acção, serão eles os interlocutores da exposição, serão as suas casas, na sua dimensão pública o suporte (ou parte do suporte de esposição) dos resultados desta acção. O caminho entre estas casa, entre estes pontos será o roteiro do evento, é feita uma prévia indicação do percurso proposto entre as Escadas dos Guindais, Escadas da Nossa Senhora das Verdades e as Escadas do Codeçal. Explorando a singularidade destas ruas-em-escada, que condensam uma condição mais intensa de isolamento, e que pela promiscuidade entre público e privado são lugares de especial força e singularidade que acreditamos potenciar as intensões da acção proposta.

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A acção é composta pela exposição e criação de um documento-arquivo deste levantamento representativo do doméstico, merecendo aqui um esclarecimento prévio: além do reconhecimento de um conjunto de espaços domésticos registam-se rotinas, estratégias de ocupação, variações e dimensões subjectivas, da relação da pessoa com o lugar e com o espaço da casa. No trabalho de campo, estabeleceu-se-se a possibilidade de proximidade, de intensidade de contacto, que permita estabelecer uma relação de cumplicidade. A acção visa essencialmente dois tipo de registo profissional: a fotografia e o desenho.


Pretende-se que este processo envolva as pessoas numa reflexão sobre o habitar próprio. Como se habita a Sé hoje, nos vários domínios do seu quotidiano

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