terça-feira, junho 19, 2012

O silêncio dos inocentes

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 O país, parece, vivia acima das suas possibilidades. Não era eu, não eras tu, não era o pequeno comerciante que arriscou montar um negócio modesto, nem o homem que agora se encolhe sob o caixote que já serviu para guardar os lençóis que ele não tem. Era o país. E o país está agora a ser posto nos eixos, a ganhar juizinho, a apertar o cinto e a aprender com quantas letras se escreve austeridade. Não são os bancos, não são as grandes empresas, não são os que lucraram com as negociatas das últimas décadas. É o país abstracto e são as pessoas concretas que vão ficando ainda com menos do que tinham antes, absolutamente ignorantes do invisível luxo que esbanjavam, vivendo de acordo com expectativas cada vez mais baixas. O país é uma loja fechada, mais uma montra cega e outro homem abrigando-se precariamente debaixo do lixo que consiga encontrar. Passou um ano e resistir é cada vez mais uma palavra como as outras, escrita numa parede qualquer, silenciosa e fria como uma caixa registadora vazia ou um país que aprende a estar caladinho e quieto à espera de que a tempestade passe.
Manuel Jorge Marmelo

sexta-feira, junho 01, 2012

Aday.org, 15 Maio - o dia que passei a fotografar a Luísa.

Fui um dos seis portugueses a participar na primeira selecção do projecto que, aos poucos e até ao final do mês de Junho, arquivará online cerca de 100 mil fotografias em representação de 170 países.


Ter participado neste projecto foi um grande momento, pois pude passar o dia fotografar a minha irmã, e sabia que este seria um enorme desafio, já que a Luísa está na instituição Nuno Silveira – Apoio a Deficientes de Gondomar e prefere aproveitar o nosso tempo juntos para passear.

Viver o seu dia normal foi fantástico, pois tive a oportunidade de lidar mais de perto com o espaço onde a minha irmã vive, convive e é tratada com carinho pelos amigos e pessoas que lá trabalham. Ali, todos funcionam como uma família, e poder partilhar essa vivência foi um dos momentos mais importantes para mim.

Vivi de perto e fotografei a minha irmã, partilhei com ela um dos seus dias normais, não só na instituição, mas com tudo o que costumamos fazer quando a vou buscar e a levo à praia, a passear, ao cabeleireiro, a almoçar, a jantar, a caminhar, a visitar amigos e a ama.

Foi um grande dia para nós, que fez com que eu me sentisse ainda mais parte do seu quotidiano, no seu espaço, mais feliz com ela e com as pessoas que todos os dias convivem com a Luísa. O dia 15 Maio ficará no meu coração como um dia especial, por ter podido passá-lo a fotografar a minha irmã e me relembrar, assim, de forma ainda mais profunda, o quanto é importante tê-la na minha vida.


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