quinta-feira, setembro 28, 2006
sábado, setembro 16, 2006
#Urbano Disperso#
Se perdermos esse avião (que sai agora, às onze horas)
E formos um para cada lado
E fecharmos os olhos
E ficarmos cá dentro
E fecharmos as portas
Vai começar a chover
Vai ser de noite
Vai haver sangue
Vai haver mortos
Oh não
Pausa (para vermos se vemos melhor)
Se formos os dois para o mesmo lado
E não perdermos esse comboio (que sai agora, às onze horas)
Não vai haver mortos
Não vai haver sangue (do lado de cá do arame farpado)
Não vai começar a chover
Cá em baixo
E lá em cima
Mais acima
Mais acima
Mais acima
Inês Nadais
quinta-feira, setembro 14, 2006
À ESPERA POR ROMA
À espera de ver o papa e à espera que o papa morra.
À espera que haja fumo branco.
À espera de um deus e à espera do outro.
À espera de crescer.
À espera sem saber bem de quê?
À espera que chova e à espera que não.
À espera da sombra e à espera de um clique.
À espera que o telefone toque.
À espera do passarinho.
À espera que algo aconteça.
À espera que o museu feche e a gente dos quadros faça ouvir a sua voz.
À espera do melhor sorriso delas.
À espera que o dia nasça e à espera que a noite acabe. E vice-versa.
Em Roma e à espera, enfim.
Não é à toa que dizem que é preciso saber esperar.
Manuel Jorge Marmelo
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