O provisório que se eterniza. Campanhã, Porto. Carrinhas-dormitório-muro. Atrás delas, fumegam barracas atarracadas, espreitam imagens de santos, resistem mulheres roliças, homens magros, crianças que causam espanto na escola por não terem piolhos. Dentro das barracas atarracadas, tomam-se banhos de bacia azul. Diz-se que se quer casa digna. Há mais de 20 anos que estas vozes traduzem estes dizeres. Quem as ouve? Lá fora, entre amontoados de desperdícios e dejectos, correm as crianças. Perto delas, cães farejam o entulho. Pertencem a todos sem pertencer a quem quer que seja. Como a responsabilidade do realojamento...
Ana Cristina Pereira
PORTO 2006
SEC.XXI
Um comentário:
Hoje estivemos mesmo aqui ao lado. Passámos a tarde às voltas no Azevedo. Na margem do Rio Torto deparámo-nos com imagens que podiam ser estas. Será que são?
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