...depois chegam os dias em que o mundo seca e se dissolve na bruma. Não há mais vida numa árvore nua do que num poste de electricidade, nem mais viço entre o mato do que nas dunas desertas que o vento varre. A neblina desliza entre as montanhas do vulcão antigo, insinua-se pelo espaço que há entre os galhos retorcidos e deposita-se mansamente sobre os apetrechos já falecidos de uma vida esquecida algures. Ou nenhures. Ninguém atirará esta pedra. Nenhum craque loiro marcará um golo nesta rede. Pé algum voltará a calçar o que resta da triste chuteira abandonada ao definitivo rigor de uma manhã de nevoeiro. O pó ao pó, as cinzas às cinzas. Não voltes jamais à vida aonde não foste capaz de ser feliz.
Manuel Jorge Marmelo
Manuel Jorge Marmelo
2 comentários:
Estas três fotografias são uma coisa...
que nó na garganta..
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