Um manifesto de estima pelo lugar e pela comunidade apartir do espaço doméstico
Inauguração no dia 28 Setembro
Festival MANOBRAS
Escadas Dos Guindais
Escadas Do Codeçal
Escadas DA N.Srª.Das Verdades
D.LALA 13/07/2012
«Eu acho que a gente ganha saúde aqui. A minha mãe está no bairro e eu nunca vou para lá, ela é que vem para aqui. E o bairro do Lordelo é muito sossegadinho. A gente aqui não tem mercearia, temos que ir lá em cima à loja ou a Passos Manuel. Mas se me falta alguma coisa, vou ali à vizinha de trás – Olha oh Paula tens aí um bocado de pimenta? – e pronto.»
«A gente põe aqui no pegão as piscinas e a canhalha está aí e não há problema nenhum. A canalha anda aí à vontade. Tenho uma irmã minha que vive bem, tem casa, tem piscina, tem tudo e ela gosta de vir para aqui.»
«Porque é assim, eu quando vim para aqui, a minha casa, eu morava no setenta segundo esquerdo, é uma casa pequena. É aquele lado, eu depois vou lhe mostrar. Só que depois a vizinha do lado direito saiu, e então eu aluguei o lado direito também. O meu marido abriu aquilo ao meio e fiquei então com a casa toda ampla. Tenho os dois números, o setenta o esquerdo e o direito.»
D NAIR_ 26/07/2012
«Foi ali que eu nasci. Nascida e criada ali.»
«O que é antigamente os senhorios era assim, faziam esta aldrabices. O que é roubavam (espaço) a umas para pôr noutras, para fazer duas casas, para ganhar. Faziam estas divisões assim.»
«Antigamente cozinhava-se com fogões de barro. Com o carvão de choça, como se chamava.»
«Os ordenados eram baixos e agora ainda vamos para pior. É o que eu digo, eu torno outra vez ao antigo. Nem que se queira erguer a cabeça, não pode, tem que baixar. Eles cortam as pernas mesmo rente à gente. Mas ninguém reage. Pelo contrário, ainda os ajudam.»
«E olhe foram todos criados aqui, graças a Deus não houve problemas nenhuns. Sempre com respeito.»
«[a minha mãe] Andou a acartar carvão também. Antigamente havia as carquejeiras e ela também andou nisso, naquelas alturas veja lá. Veja lá, aos anos. Foi carquejeira nos carretos do carvão e depois foi para o Grémio da Fruta.»
«Numa casa tão pequenina e as pessoas pensam como é que criou aqui tanta gente.»
D.GRAÇA 29/06/2012
«O aluguer era trinta euros...que não é nada não é? Depois é que a senhoria, há quatro anos atrás, pensou botar a casa à venda. Como eram dois mil e quatrocentos contos, baratinha, eu comprei. Pedi um empréstimo ao banco e agora andamos a pagar. E para as obras, mas só deu lá para (o andar de) cima o dinheiro, não deu para mais, cá para baixo já não deu. Não chegou. Também tive aqui um homem que andou aí a fazer as obras e levou-me o dinheiro e não acabou o serviço.»
«Pronto, as casas, a maior parte, foram postas à venda, e às vezes ao jantar eu dizia- E se vai tudo embora? Ficamos aqui...- aminha filha dizia- Oh mãe, então ficamos cá nós, que eu daqui não saio, daqui vou para o cemitério.Quando se fez obras, eu andava até à meia-noite, eu mais os meus filhos a acartar o material. Porque é assim, os trolhas...eu é que comprei o material e os trolhas disseram logo – a gente aqui a subir e a descer...- eu disse estais à vontade que nós acartamos.»
«Os senhores podem não se acreditar, os senhores vão ver a minha casa e a minha casa não é nada por aí além. Mas não sabem o gosto que eu tinha quando andava aí nas obras. O gosto que eu tinha em ver a minha casa a melhorar.»
«Nós temos que proteger o que é nosso. Lá está, esta rua é minha.»
«Eu não quero que aconteça nada ao meu quintal. (...) Eu acho que num apartamento eu não me dava a viver. Para já não podia ter nenhum cão. Eu antigamente ainda pus batatas e assim mas eles tiramvam tudo. (...) Os apartamentos parece que são umas gaiolas.»
«O mais novo tem onze anos, e ele brinca muito quintal que ele gosta, anda a mexer na terra e tudo. Mas eu podia deixá-lo andar aqui na rua à vontade porque não há carros nem nada. Não há problema nenhum, não lhe a»contece nada. Só se chateia para andar de bicicleta (devido aos degraus das escadas).
D. GLÓRIA 15/06/2012
»A parte da casa onde custumo estar mais é aqui, nesta salinha, sala de estar e sala de jantar, neste sofazinho... este sofazinho foi comprado para aqui... É aparte que mais gosto, gosto de todos os bocadinhos que tenho, mas este... »
«De lá fora parece uma coisa e aqui parece outra... Quando entraram ficaram assim... Como quem diz eu tenho tudo.... Chegaram aqui dei-lhe o lanche... Pessoas que eu não conhecia, mas se eram amigos do meu irmão eram meus amigos também.... Até perguntaram à minha sobrinha se tinha cominicado alguma coisa se a agente vinha cá... Apresentei-lhe uma mesa com o fiambrezinho, chorição vinhinho...»
«Com o elevador teve que sairr muita gente que saiu para os bairros, contava vir pra aqui e nunca mais vieram... há muito pouca gente agora...[acerca do funicular]... para o pessoal daqui não dá jeito nehum, ... é raro, só se eu for à ribeira e para não estar a subir muito, venho, subo lá em cima e desço....»
«Estendia (a roupa) no quintal mas agora estendo aqui à.., e já tem servido muita vez, os lençois que ponho alí a secar , de fundo para os estrangeiros tirarem fotografias, eu assim de pijama.. e ando por aí fora, eu não sei por onde, mas ando pelo mundo fora, russia, japão, chineses...»
domingo, setembro 23, 2012
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